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sábado, 24 de abril de 2010

O LOBO E OS CABRITINHOS

“Era uma vez uma cabra que tinha sete cabritinhos. Ela os amava com todo o amor que as
mães sentem por seus filhinhos. Um dia, ela teve que ir à floresta em busca de alimento. Então,
chamou os cabritinhos e lhes disse”:
— Queridos filhinhos, preciso ir à floresta. Tenham muito cuidado por causa do lobo. Se ele
entrar aqui, vai devorá-los todos. É seu costume disfarçar-se, mas vocês o reconhecerão pela sua
voz rouca e por suas patas pretas.
Os cabritinhos responderam:
— Querida mãezinha, pode ir descansada, pois teremos muito cuidado.
A cabra saiu e foi andando despreocupada. Não se passou muito tempo e alguém bateu à
porta dizendo:
— Abram a porta, queridos filhinhos. A mamãe está aqui e trouxe uma coisa para cada um
de vocês.
Os cabritinhos perceberam logo que era o lobo, por causa de sua voz rouca, e responderam:
— Não abriremos a porta, não! Você não é nossa mãezinha. Ela tem uma voz macia e
agradável. A sua é rouca. Você é o lobo!
O lobo, então, foi a uma loja, comprou uma porção de giz e os comeu para amaciar a voz.
Voltou à casa dos cabritinhos, bateu à porta, e disse:
— Abram a porta, meus filhinhos. A mamãe já voltou e trouxe um presente para cada um de
vocês.
Mas , o lobo tinha posto as patas na janela e os cabritinhos responderam:
— Não abriremos a porta, não! Nossa mãe não tem patas pretas como as suas. Você é o
lobo.
O lobo foi à padaria e disse ao padeiro:
— Tenho as patas feridas. Preciso esfregá-las em um pouco de farinha. O padeiro pensou
consigo mesmo: "O lobo está querendo enganar alguém". E recusou-se a fazer o que ele pedia. O
lobo, porém, ameaçou devorá-lo e o padeiro, com medo, esfregou-lhe bastante farinha nas patas.
Pela terceira vez, foi o lobo bater à porta dos cabritinhos:
— Meus filhinhos, abram a porta. A mãezinha já está aqui, de volta da floresta, e trouxe uma
coisa para cada um de vocês.
Os cabritinhos disseram:
— Primeiro, mostre-nos suas patas, para vermos se você é mesmo nossa mãezinha.
O lobo pôs as patas na janela e, quando eles viram que eram brancas, acreditaram e abriram
a porta.
Mas, que surpresa!!! Ficaram apavorados quando viram o lobo entrar.
Procuraram esconder-se depressa. Um entrou debaixo da mesa; outro se meteu na cama; o
terceiro entrou no fogão; o quarto escondeu-se na cozinha; o quinto, dentro do guarda-louça; o
sexto, embaixo de uma tina, e o sétimo, na caixa do relógio. O lobo os foi achando e comendo, um a um. Só escapou o mais moço, que estava na caixa do relógio.
Quando satisfez o seu apetite, saiu e, mais adiante, deitou-se num gramado. Daí a pouco,
pegou no sono. Momentos depois, a cabra voltou da floresta. Que tristeza a esperava! A porta
estava escancarada. A mesa, as cadeiras e os bancos, jogados pelo chão. As cobertas e os
travesseiros, fora das camas. Ela procurou os filhinhos, mas não os achou. Chamou-os pelos nomes,
mas não responderam. Afinal, quando chamou o mais moço, uma vozinha muito sumida respondeu:
— Mãezinha querida, estou aqui, no relógio.
Ela o tirou de lá, e ele lhe contou tudo o que havia acontecido. A pobre cabra chorou ao
pensar no triste fim de seus filhinhos!!! Alguns minutos depois, ela saiu e foi andando tristemente
pela redondeza. O cabritinho acompanhou-a. Quando chegaram ao gramado, viram o lobo
dormindo, debaixo de uma árvore. Ele roncava tanto que os galhos da árvore balançavam. A cabra reparou que alguma coisa se movia dentro da barriga do lobo.
— Oh! Será possível que meus filhinhos ainda estejam vivos, dentro da barriga do lobo?
pensou ela falando alto.
Então, o cabritinho correu até sua casa e trouxe uma tesoura, agulha e linha. Mal a cabra fez
um corte na barriga do lobo malvado, um cabritinho pôs a cabeça de fora. Ela cortou mais um
pouco e os seis saltaram, um a um. Como ficaram contentes!!! Cada qual queria abraçar mais a
mamãe. Ela também estava radiante, contudo, precisava acabar a operação antes que o lobo
acordasse. Mandou que os cabritos procurassem umas pedras bem grandes. Quando eles as
trouxeram, ela as colocou dentro da barriga do bicho e coseu-a rapidamente. Daí a momentos, o
lobo acordou. Como sentisse muita sede, levantou-se para beber água no poço. Quando começou a andar, as pedras bateram, umas de encontro às outras, fazendo um barulho esquisito. O lobo pôs-se
a pensar:
"Estavam bem gostosinhos
Os cabritos que comi.
Mas depois, que coisa estranha!
Que enorme peso senti!”
Quando chegou ao poço e se debruçou para beber água, com o peso das pedras, caiu lá
dentro e morreu afogado. Os cabritinhos, ao saberem da boa notícia, correram e foram dançar, junto ao poço, cantando, todos ao mesmo tempo”:
"Podemos viver,
Sem ter mais cuidado.
O lobo malvado morreu,
No poço afogado.”

Irmãos Grimm

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