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domingo, 2 de maio de 2010

ALFABETIZAÇÃO OU LEITURIZAÇÃO

O texto a seguir é uma síntese do livro: “Leitura em Questão” de Jean Foucombert, autor Francês e refere-se a um novo modo de encarar a alfabetização, ou seja, não pensamos mais alfabetização, mas sim leiturização, pois os métodos até hoje utilizados demonstram incapacidade na formação de leitores. O modelo existente de alfabetização disfarça desigualdades culturais dentro de uma sociedade também desigual socialmente.
O ato de ler cria autonomia na escrita como processo cognitivo na criação de pensamentos, PORÉM ALFABETIZADOS NÃO SIGNIFICA LETRADOS. Os alfabetizados são excluídos culturalmente, pois se tornam decodificadores e não verdadeiros leitores.
A Educação deve ser uma ação transformadora. O aluno leitor se autogerencia no tempo e no espaço buscando o conhecimento, saindo do ambiente de sala de aula para uma biblioteca. A alfabetização freia o aluno no ato da leitura. A alfabetização é antagônica (contrária) à leitura. O desenvolvimento da leitura deve se dar nas estratégias e não na aquisição de regras do funcionamento do sistema alfabético. O que queremos é gerar leitores e não formar alfabetizados. A tecnologia e as necessidades sociais está exigindo leitores e a sociedade está formando alfabetizados.
Estamos na Era da leiturização que exige uma modificação na estrutura escolar que se apoia ainda no passado, mas que deve saltar para o futuro levando o aluno a uma constante reflexão sobre o uso elaborado da escrita. A leitura era um instrumento manipulador usado pela Igreja Católica que, por sua vez, servia à burguesia divulgando um modelo de comportamento e impondo conceitos para os leitores. A revolução industrial colocou em circulação o texto impresso. No final do século XIX surge a escola monopolizando o ensino da escrita. A escola era um meio de sobrevivência social transformando os textos em um sistema de regras para decodificar a escrita podendo assim torna-lo oral.
O século XX avança no progresso científico-tecnológico excluindo o cidadão decodificador de textos, mas exigindo um leitor crítico. Os textos jornalísticos, literários e científicos se tornam mais complexos e se colocam entre o individuo e sua participação social exigindo o domínio do uso da escrita cada vez mais complexo.
O comportamento desenvolvido pelo leitor alfabetizado é diferente da leitura realizada pelo verdadeiro leitor. A Escola Nova analisa a Escola como um instrumento frágil frente ao desenvolvimento social, mas seus pesquisadores também eram leitores alfabetizados e trazem uma inovação nos métodos de alfabetização e a ineficácia da Escola continua.
O passado precisa ser retomado não para repetir seus erros ou exalta-lo, mas avaliá-lo para prosseguirmos por caminhos talvez nunca percorridos antes, mas que nos levarão aos textos, às novas descobertas, à alegria de descobrir o saber, pois a vontade de saber é o segredo da aprendizagem.
SABER DECIFRAR NÃO É SABER LER. Leitores são gerados, e o sistema de alfabetização inibe o leitor sendo que aqueles que se tornam verdadeiros leitores criam motivações diferentes aos da alfabetização; é o mesmo que um ciclista e um pedestre, mesmo que invistam o mesmo vigor não percorrem a mesma distancia no mesmo tempo.

A Escola
Caminhos para leitura. A criança cria significados então a escrita deve ser ligada ao que já é conhecido.
A leitura é: atribuir significado a um texto escrito.
20% de informações visuais
80% de informações que provêm do leitor.
A leitura em voz alta não ensina a ler, mas é a oralização daquilo que o leitor já atribuiu um significado.
Avalie se você é um leitor:
Você vai a biblioteca constantemente, ou consulta com frequência uma biblioteca virtual?
Você retira, pede emprestado ou compra livros frequentemente?
Está atento às novas publicações?
Você entende um texto diretamente ou precisa torna-lo oral?
Você é um professor que ensina ler ou decodificar?
Você tem prazer em ler um livro de 300 páginas?

1. A sua meta é que o aluno tenha domínio das regras da leitura?
2. Você apresenta textos ou letras?
3. Você apresenta textos ou palavras, com preocupação de não apresentar palavras que o aluno não conhecerá?
4. Você deixa as crianças adivinharem o que está escrito ou pede atenção e lê para eles?
5. Você não permite erros na leitura e na fala?
6. Você está a procura de novas técnicas?

Para ler um texto é preciso ter mais informações sobre o assunto para que seja absorvido seu conteúdo de forma eficaz selecionando o que se quer, ou mesmo quando se quer pesquisar um assunto deve se saber qual caminho tomar.
O livro não deve ser tido como um objeto sagrado e dono da verdade, o leitor sabe disso, tanto que quando não encontra as informações que procura desconsidera a qualidade do livro enquanto que o não leitor se sente inferior ao livro.
A aprendizagem da leitura deve se iniciar na escola, mas, perdurar por toda vida.
Para aprender a ler é necessário fazer parte de um grupo que utiliza a escrita para viver e não para aprender a ler e para isso deve-se utilizar textos verdadeiros sem simplificá-los. É preciso estar envolvido pelos livros mais variados. Para aprender a ler exige-se textos não com frase, palavras e sílabas.
Textos funcionais que despertem a necessidade e curiosidade das crianças. Textos que ainda não foram lidos pelos leitores iniciantes que trazem respostas às perguntas, como exemplo: podemos nos sentir lendo um texto numa outra língua para descobrir o que está escrito. É elaborar hipóteses, avaliar, retomar o que não foi entendido.
A produção de textos só pode acontecer se a criança já teve experiências como leitor do contrário ela vai decodificar o oral. A leitura obrigatoriamente antecede a escrita.
Aprender a ler não é decodificar que b+a=ba e depois ter acesso a textos que atribuem o mesmo som às silabas estudada: A baba vê o bebê nem ao menos partir da experiência dos alunos em que se escreve um dialogo no texto decodificador as palavras, pois isso é decodificar a oralidade.
Textos iniciais
História do aluno
Primeira atividade: localizar o nome na história. Ler com os alunos para saber o que se trata cada página, ajudar os colegas a encontrar os nomes.
Apresentar outros relatos do dia-adia: revistas, jornais, panfletos...
O ato de ler é visual e mental. O erro está em fazer da leitura uma decifração. As decobertas e as correspondências promovem segurança na identifcação das palavras.
A Escola como um todo deve ser um incentivo à leitura. Existem propostas em organizar o “Cantinho da leitura” na sala de aula, porém um cantinho para leitura não é suficiente para se formar leitores mas a Escola deve ser o ESPAÇO LEITURA. Tudo deve ser escrito e lido, a Palavra nas paredes, o cardápio do lanche, a reportagem especial do dia, no pátio deve ser instalados tapetes com livros para leitura. As literaturas não devem ficar em armários, mas expostas para as crianças e adultos lerem. As programações de atividades, os aniversariantes. Enfim, tudo que faz parte da vida do aluno, da comunidade local, deve ser exposto em forma de escrita para que todos leiam, pois só se aprende ler - LENDO.

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