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sábado, 24 de abril de 2010

O CÃO DORMINHOCO E O LOBO

Como estava dormindo à porta de um estábulo, um cão foi surpreendido por um lobo que se
lançou sobre ele, pronto para devorá-lo. Mas o cão lhe pediu para adiar o sacrifício:
— Agora - disse ele - estou raquítico e doente. Mas espera um pouco, meus donos estão para
comemorar suas núpcias; comerei muito e, bem gordinho, serei para ti um prato delicioso.
O lobo acreditou nele e se foi. Alguns anos depois, ele voltou e viu que o cão estava
dormindo no andar de cima da casa. De baixo, ele chamou:
— Lembras de mim - disse ele - daquilo que combinamos?
O cão então falou:
— Ô seu lobo, quando me vires de agora em diante dormir diante do estábulo, não esperes
mais as núpcias.
Moral da história: Uma vez salvo do perigo, o homem sensato se previne para sempre.
Esopo

LOBO EM PELE DE CORDEIRO


Um dia, o lobo teve a idéia de mudar sua aparência para conseguir comida de uma forma mais
fácil. Então, vestiu uma pele de cordeiro e saiu para pastar com o resto do rebanho, despistando
totalmente o pastor. Para sua sorte, ao entardecer, foi levado junto com todo o rebanho para um
celeiro. Durante a noite, o pastor foi buscar um pouco de carne para o dia seguinte. Chegando no
celeiro, puxou a primeira ovelha que encontrou. Era o lobo fingindo ser um cordeiro.
Moral da história: Sempre que enganamos os outros, pagamos pelo nosso erro logo em seguida.
Esopo

A REUNIÃO GERAL DOS RATOS

Há muito tempo, em uma fazenda, um gato, ótimo caçador de ratos, andava fazendo um
grande estrago entre a rataria. Caçava tantos ratos que os sobreviventes estavam quase morrendo de fome, pois tinham muito medo de sair de suas tocas.
Como o problema havia atingido grandes proporções, os ratos resolveram marcar uma
assembléia para tentar encontrar uma saída.
Esperaram uma noite em que o gato dormiu profundamente no topo da chaminé e reuniram-se
no celeiro. A apreensão era grande, todos estavam nervosos, mas um rato teve uma idéia e falou:
— A melhor maneira de nos defendermos é pendurarmos um sino no pescoço do gato.
Assim, quando ele se aproximar, escutaremos o sino e teremos tempo para fugir.
Foi uma grande festa. Todos adoraram a idéia e aprovaram com aplausos. Mas um rato mais velho, que estava em cima de um saco de milho, pediu a palavra e disse:
— A idéia é muito boa... é boa sim, mas... Quem é que vai pendurar o sino no pescoço do
gato?
Silêncio geral. Um a um, os ratos foram se retirando, e acabou-se a assembléia geral dos
ratos.
Moral da história: Falar é fácil, fazer é difícil!

Esopo, Adaptação de Monteiro Lobato

O PATINHO FEIO

Era uma vez uma mamãe pata que pôs cinco ovos. Quatro lindos patinhos saíram primeiro
da casca e, por último, um patinho tão feio que dava dó. - Quando crescer ficará bonito - pensou
esperançosa, a mamãe pata.
O patinho crescia e a mamãe pata ficava mais triste. Ele continuava feio e esquisito.
Os mais velhos o olhavam com pena. Os mais moços zombavam dele chamando-o de
"Patinho Feio".
Pobre patinho! Vivia triste e não brincava com ninguém por causa da sua feiúra. O patinho
preferia ficar sozinho a perto daqueles que riam dele. Um dia, resolveu ir embora para bem longe.
Andou muito pela floresta, até que anoiteceu. Ele estava cansado, com fome e com muito
medo. Também estava triste com seus amigos e, por isso, venceu o medo e adormeceu ali mesmo.
De manhã, quando acordou, ainda tinha fome. Andou mais um pouco e ouviu um barulho de
água.
Correu e encontrou um lago, onde alguns patos selvagens brincavam alegremente.
Quis falar com eles, mas um barulho de espingarda espantou a todos. E ele ficou sozinho
novamente.
O patinho resolveu ficar ali mesmo, pois tinha muitos peixes para se alimentar. Com o
tempo, foi ficando mais forte e robusto.
A primavera chegou e todos os cisnes resolveram aparecer no lago. Um deles veio conversar
com o patinho. Ele não acreditava que um belo cisne quisesse ser seu amigo de verdade. - Ora, olhe seu reflexo na água - pediu o cisne.
O patinho viu o reflexo e descobriu que ele também era um cisne! Então, resolveu juntar-se
àqueles lindos e majestosos cisnes e viveu feliz para sempre.

Hans Christian Andersen

O GATO DE BOTAS

Um velho moleiro, sentindo a morte chegar, dividiu seus bens entre seus
três filhos.
O mais velho herdou o moinho, o segundo um jumento capenga e o
caçula um gato.
O gato, vendo o seu novo dono muito desiludido com a sua parte na
herança, disse-lhe:
— Não te entristeças, meu amo, tenhas confiança em mim. Eu te farei um homem rico.
Preciso somente que tu me dês algumas roupas.
Assim, o rapaz deu ao gato um velho chapéu e um par de botas que ele havia recuperado no
celeiro.
Também lhe fez uma capa e deu-lhe um grande saco.
— Eu te prometo voltar com boas novas - disse o gato a seu amo quando partiu.
No caminho, encontrou uma bela ovelha e colocou imediatamente seus projetos em
execução. Pulou sobre ela e enfiou-a no saco.
—Majestade, é uma felicidade para mim, oferecer-lhe este humilde presente. Quem o envia
é marquês de Carabás, meu amo - disse ao rei, fazendo uma profunda reverência.
Nos dias seguintes o monarca continuou recebendo presentes da parte do famoso marquês
que ninguém conhecia...
Alguns dias depois, o gato disse a seu amo:
—Não me faças perguntas, mas faz o que eu digo. Amanhã de manhã, vai tomar banho no
rio e espera que a carruagem do rei passe por ali.
Na manhã seguinte, enquanto o seu amo banhava-se no rio, o rei passou por ali com a sua
filha.
—Socorro, socorro! Meu amo, o marquês de Carabás está se afogando! - gritou o gato.
O rei parou a carruagem e deu ordem a seus lacaios para socorrer o marquês e procurar-lhe
roupas adequadas. O monarca não tinha esquecido os numerosos presentes recebidos...
Depois o convidou para subir na carruagem. A princesa logo ficou encantada com o charme
do jovem marquês.
Os campos estendiam-se a perder de vista ao longo do caminho que a carruagem real
percorreria.
— O rei logo vai passar por aqui - disse o gato aos lavradores. Se ele perguntar a quem
pertencem estas terras, respondam-lhe que pertencem ao marquês de Carabás, caso contrário farei picadinho de vocês!
Os camponeses ficaram amedrontados e obedeceram ao gato de botas. O rei ficou
impressionado com os muitos bens que o amável marquês possuía.
O soberano pensou que jamais encontraria melhor partido para sua filha. E vendo os olhares
que ela dedicava ao jovem marquês, compreendeu que ela já o amava.
Alguns dias mais tarde a princesa e o filho do moleiro se casaram e foram muito felizes.

O PRÍNCIPE SAPO

Há muito tempo, quando os desejos funcionavam, vivia um rei que tinha filhas muito belas.
A mais jovem era tão linda que o sol, que já viu muito, ficava atônito sempre que iluminava seu
rosto. Perto do castelo do rei havia um bosque grande e escuro no qual havia um lagoa sob uma
velha árvore. Quando o dia era quente, a princesinha ia ao bosque e se sentava junto à fonte.
Quando se aborrecia, pegava sua bola de ouro, a jogava alto e recolhia. Essa bola era seu brinquedo
favorito. Porém, aconteceu que uma das vezes que a princesa jogou a bola, esta não caiu em sua
mão, mas sim no solo, rodando e caindo direto na água. A princesa viu como ia desaparecendo na
lagoa, que era profunda, tanto que não se via o fundo. Então, começou a chorar, mais e mais forte, e não se consolava e tanto se lamenta, que alguém lhe diz:
— Que te aflige, princesa? Choras tanto que até as pedras sentiriam pena.
Olhou o lugar de onde vinha a voz e viu um sapo colocando sua enorme e feia cabeça fora
d’água.
— Ah, és tu, sapo - disse - Estou chorando por minha bola de ouro que caiu na lagoa.
— Calma, não chores -disse o sapo – Posso ajudar-te, porém, que me darás se te devolver a
bola?
— O que quiseres, querido sapo - disse ela - Minhas roupas, minhas pérolas, minhas jóias, a
coroa de ouro que levo.
O sapo disse:
— Não me interessam tuas roupas, tuas pérolas nem tuas jóias, nem a coroa. Porém, me
prometes deixar-me ser teu companheiro e brincar contigo, sentar a teu lado na mesa, comer em teu pratinho de ouro, beber de teu copinho e dormir em tua cama ? Se me prometes isto, eu descerei e trarei tua bola de ouro.
— Oh, sim- disse ela - Te prometo tudo o que quiseres, porém, devolve minha bola – mas
pensou- Fala como um tolo. Tudo o que faz é sentar-se na água com outros sapos e coachar. Não
pode ser companheiro de um ser humano.
O sapo, uma vez recebida a promessa, meteu a cabeça na água e mergulhou. Pouco depois,
voltou nadando com a bola na boca, e a lançou na grama. A princesinha estava encantada de ver seu precioso brinquedo outra vez, colheu-a e saiu correndo com ela.
— Espera, espera - disse o sapo – Leva-me. Não posso correr tanto como tu !
Mas, de nada serviu coachar atrás dela tão forte quanto pôde. Ela não o escutou e correu
para casa, esquecendo o pobre sapo, que se viu obrigado a voltar à lagoa outra vez.
No dia seguinte, quando ela sentou à mesa com o rei e toda a corte, estava comendo em seu
pratinho de ouro e algo veio arrastando-se, splash, splish splash pela escada de mármore. Quando chegou ao alto, chamou à porta e gritou:
— Princesa, jovem princesa, abre a porta.
Ela correu para ver quem estava lá fora. Quando abriu a porta, o sapo sentou-se diante dela e
a princesa bateu a porta. Com pressa, tornou a sentar, mas estava muito assustada. O rei se deu
conta de que seu coração batia violentamente e disse: - Minha filha, por que estás assustada? Há um gigante aí fora que te quer levar?
— Ah, não, respondeu ela - não é um gigante, senão um sapo.
— O que quer o sapo de ti?
— Ah, querido pai, estava jogando no bosque, junto à lagoa, quando minha bola de ouro
caiu na água. Como gritei muito, o sapo a devolveu, e porque insistiu muito, prometi-lhe que seria meu companheiro, porém, nunca pensei que seria capaz de sair da água.
Entretanto, o sapo chamou à porta outra vez e gritou:
— Princesa, jovem princesa, abre a porta. Não lembras que me disseste na lagoa?
Princesa, jovem princesa, abre a porta.
Então o rei disse:
— Aquilo que prometeste, deves cumprir. Deixa-o entrar.
Ela abriu a porta, o sapo saltou e a seguiu até sua cadeira. Sentou-se e gritou:
— Sobe-me contigo.
Ela o ignorou até que o rei lhe ordenou. Uma vez que o sapo estava na cadeira, quis sentarse
à mesa. Quando subiu, disse:
— Aproxima teu pratinho de ouro porque devemos comer juntos.
Ela o fez, porém se via que não de boa vontade. O sapo aproveitou para comer, porém, ela
enjoava a cada bocado. Em seguida, disse o sapo:
— Como eu estou satisfeito, mas estou cansado. Leva-me ao quarto, prepara tua caminha de
seda e nós dois vamos dormir.
A princesa começou a chorar porque não gostava da idéia de que o sapo ia dormir na sua
preciosa e limpa caminha. Porém, o rei se aborreceu e disse:
— Não devias desprezar àquele que te ajudou quando tinhas problemas.
Assim, ela pegou o sapo com dois dedos e o levou para cima e a deixou num canto. Porém,
quando estava na cama o sapo se arrastou até ela e disse:
— Estou cansado, eu também quero dormir, sobe-me senão conto a teu pai.
A princesa ficou então muito aborrecida. Pegou o sapo e o jogou contra a parede.
— Cale-se, bicho odioso – disse ela. Porém, quando caiu ao chão não era um sapo, e sim um
príncipe com preciosos olhos. Por desejo de seu pai, ele era seu companheiro e marido. Ele contou como havia sido encantado por uma bruxa malvada e que ninguém poderia livrá-lo do feitiço exceto ela. Também disse que, no dia seguinte, iriam todos juntos ao seu reino.
Se foram dormir e na manhã seguinte, quando o sol os despertou, chegou uma carruagem
puxada por oito cavalos brancos com plumas de avestruz na cabeça. Estavam enfeitados com
correntes de ouro. Atrás, estava o jovem escudeiro do rei, Henrique. Henrique havia sido tão
desgraçado quando seu senhor foi convertido em sapo que colocou três faixas de ferro rodeando seu coração, para se acaso estalasse de pesar e tristeza.
A carruagem ia levar o jovem rei a seu reino. Henrique os ajudou a entrar e subiu atrás de
novo, cheio de alegria pela libertação, e quando já chegavam a fazer uma parte do caminho, o filho do rei escutou um ruído atrás de si como se algo tivesse quebrado. Assim, deu a volta e gritou:
— Henrique, o carro está se rompendo.
— Não amo, não é o carro. É uma faixa de meu coração, a coloquei por causa da minha
grande dor quando eras sapo e prisioneiro do feitiço.
Duas vezes mais, enquanto estavam no caminho, algo fez ruído e cada vez o filho do rei
pensou que o carro estava rompendo, porém , eram apenas as faixas que estavam se desprendendo do coração de Henrique porque seu senhor estava livre e era feliz.


Irmãos Grim

O PRÍNCIPE SAPO

Há muito tempo, quando os desejos funcionavam, vivia um rei que tinha filhas muito belas.
A mais jovem era tão linda que o sol, que já viu muito, ficava atônito sempre que iluminava seu
rosto. Perto do castelo do rei havia um bosque grande e escuro no qual havia um lagoa sob uma
velha árvore. Quando o dia era quente, a princesinha ia ao bosque e se sentava junto à fonte.
Quando se aborrecia, pegava sua bola de ouro, a jogava alto e recolhia. Essa bola era seu brinquedo
favorito. Porém, aconteceu que uma das vezes que a princesa jogou a bola, esta não caiu em sua
mão, mas sim no solo, rodando e caindo direto na água. A princesa viu como ia desaparecendo na
lagoa, que era profunda, tanto que não se via o fundo. Então, começou a chorar, mais e mais forte, e não se consolava e tanto se lamenta, que alguém lhe diz:
— Que te aflige, princesa? Choras tanto que até as pedras sentiriam pena.
Olhou o lugar de onde vinha a voz e viu um sapo colocando sua enorme e feia cabeça fora
d’água.
— Ah, és tu, sapo - disse - Estou chorando por minha bola de ouro que caiu na lagoa.
— Calma, não chores -disse o sapo – Posso ajudar-te, porém, que me darás se te devolver a
bola?
— O que quiseres, querido sapo - disse ela - Minhas roupas, minhas pérolas, minhas jóias, a
coroa de ouro que levo.
O sapo disse:
— Não me interessam tuas roupas, tuas pérolas nem tuas jóias, nem a coroa. Porém, me
prometes deixar-me ser teu companheiro e brincar contigo, sentar a teu lado na mesa, comer em teu pratinho de ouro, beber de teu copinho e dormir em tua cama ? Se me prometes isto, eu descerei e trarei tua bola de ouro.
— Oh, sim- disse ela - Te prometo tudo o que quiseres, porém, devolve minha bola – mas
pensou- Fala como um tolo. Tudo o que faz é sentar-se na água com outros sapos e coachar. Não
pode ser companheiro de um ser humano.
O sapo, uma vez recebida a promessa, meteu a cabeça na água e mergulhou. Pouco depois,
voltou nadando com a bola na boca, e a lançou na grama. A princesinha estava encantada de ver seu precioso brinquedo outra vez, colheu-a e saiu correndo com ela.
— Espera, espera - disse o sapo – Leva-me. Não posso correr tanto como tu !
Mas, de nada serviu coachar atrás dela tão forte quanto pôde. Ela não o escutou e correu
para casa, esquecendo o pobre sapo, que se viu obrigado a voltar à lagoa outra vez.
No dia seguinte, quando ela sentou à mesa com o rei e toda a corte, estava comendo em seu
pratinho de ouro e algo veio arrastando-se, splash, splish splash pela escada de mármore. Quando chegou ao alto, chamou à porta e gritou:
— Princesa, jovem princesa, abre a porta.
Ela correu para ver quem estava lá fora. Quando abriu a porta, o sapo sentou-se diante dela e
a princesa bateu a porta. Com pressa, tornou a sentar, mas estava muito assustada. O rei se deu
conta de que seu coração batia violentamente e disse: - Minha filha, por que estás assustada? Há um gigante aí fora que te quer levar?
— Ah, não, respondeu ela - não é um gigante, senão um sapo.
— O que quer o sapo de ti?
— Ah, querido pai, estava jogando no bosque, junto à lagoa, quando minha bola de ouro
caiu na água. Como gritei muito, o sapo a devolveu, e porque insistiu muito, prometi-lhe que seria meu companheiro, porém, nunca pensei que seria capaz de sair da água.
Entretanto, o sapo chamou à porta outra vez e gritou:
— Princesa, jovem princesa, abre a porta. Não lembras que me disseste na lagoa?
Princesa, jovem princesa, abre a porta.
Então o rei disse:
— Aquilo que prometeste, deves cumprir. Deixa-o entrar.
Ela abriu a porta, o sapo saltou e a seguiu até sua cadeira. Sentou-se e gritou:
— Sobe-me contigo.
Ela o ignorou até que o rei lhe ordenou. Uma vez que o sapo estava na cadeira, quis sentarse
à mesa. Quando subiu, disse:
— Aproxima teu pratinho de ouro porque devemos comer juntos.
Ela o fez, porém se via que não de boa vontade. O sapo aproveitou para comer, porém, ela
enjoava a cada bocado. Em seguida, disse o sapo:
— Como eu estou satisfeito, mas estou cansado. Leva-me ao quarto, prepara tua caminha de
seda e nós dois vamos dormir.
A princesa começou a chorar porque não gostava da idéia de que o sapo ia dormir na sua
preciosa e limpa caminha. Porém, o rei se aborreceu e disse:
— Não devias desprezar àquele que te ajudou quando tinhas problemas.
Assim, ela pegou o sapo com dois dedos e o levou para cima e a deixou num canto. Porém,
quando estava na cama o sapo se arrastou até ela e disse:
— Estou cansado, eu também quero dormir, sobe-me senão conto a teu pai.
A princesa ficou então muito aborrecida. Pegou o sapo e o jogou contra a parede.
— Cale-se, bicho odioso – disse ela. Porém, quando caiu ao chão não era um sapo, e sim um
príncipe com preciosos olhos. Por desejo de seu pai, ele era seu companheiro e marido. Ele contou como havia sido encantado por uma bruxa malvada e que ninguém poderia livrá-lo do feitiço exceto ela. Também disse que, no dia seguinte, iriam todos juntos ao seu reino.
Se foram dormir e na manhã seguinte, quando o sol os despertou, chegou uma carruagem
puxada por oito cavalos brancos com plumas de avestruz na cabeça. Estavam enfeitados com
correntes de ouro. Atrás, estava o jovem escudeiro do rei, Henrique. Henrique havia sido tão
desgraçado quando seu senhor foi convertido em sapo que colocou três faixas de ferro rodeando seu coração, para se acaso estalasse de pesar e tristeza.
A carruagem ia levar o jovem rei a seu reino. Henrique os ajudou a entrar e subiu atrás de
novo, cheio de alegria pela libertação, e quando já chegavam a fazer uma parte do caminho, o filho do rei escutou um ruído atrás de si como se algo tivesse quebrado. Assim, deu a volta e gritou:
— Henrique, o carro está se rompendo.
— Não amo, não é o carro. É uma faixa de meu coração, a coloquei por causa da minha
grande dor quando eras sapo e prisioneiro do feitiço.
Duas vezes mais, enquanto estavam no caminho, algo fez ruído e cada vez o filho do rei
pensou que o carro estava rompendo, porém , eram apenas as faixas que estavam se desprendendo do coração de Henrique porque seu senhor estava livre e era feliz.

Irmãos Grim